A solidão é minha melhor companhia.
Tenho minhas desavenças e discussões comigo mesma. Falo o que penso e o que quero sem medo de me ferir. E se me firo, dou-me um tempo e logo tudo fica em paz. Quando sofro de mau humor, grito barbaridades, atiro objetos. Ou me calo, apreciando o meu momento, o meu mundo. Sem ninguém por perto para me incomodar, nem para ser incomodado por mim.
Tenho meus momentos de amor próprio e narcisismo, em que me acho linda ao acordar, mesmo descabelada. E se não estou linda, me arrumo para mim mesma e teço elogios ao meu respeito. Fico a admirar-me no espelho.
Componho poemas e canções e os declamo e canto quantas vezes quiser, sem receio de parecer piegas. E, se enjoo, logo crio uma nova arte para me encantar.
Devo satisfações somente à minha pessoa. Invento desculpas e minto e me engano. Não crio expectativas. Ou, se as crio, posso satisfazê-las. Caso contrário, iludo-me, desiludo-me, mas logo me perdoo.
E assim, vivo para mim, me amando sem fim.
ATUALIZAÇÃO: Texto publicado na Antologia de Poetas Gonçalenses 2, lançada em 16/11/2014.