18 de janeiro de 2010

Cri, cri, cri...

      Sinto-me vazia ao mesmo tempo em que guardo uma infinidade de coisas dentro de mim. Tenho necessidade de dizê-las, jogá-las ao vento, para que ele as espalhe ao redor. Porém, não as conheço exatamente. Não tenho ideia do que me aflige, do que me emociona, do que me angustia, do que me faz pular de alegria. É como se eu estivesse oca. Não conhecendo o meu eu interior, parece que ele simplesmente não existe, que não carrego nada comigo.

      Quero gritar, chorar neste momento. Mas nem minhas lágrimas são capazes de saltar dos meus olhos; não existem! Esforço-me em vão: meus músculos se contraem, e minhas têmporas doem.

      Quero me sentir livre não sei de quê. Algo me aprisiona, mas vasculho por toda a parte, e nada, não o encontro. Ah, que tortura!

      Quero também, numa miscelânea de sentimentos, sorrir, gargalhar! Dar um grito de... Um grito de quê? Não sei bem definir. Apenas sinto necessidade de gritar, de fazer minha voz soar por todos os cantos e minhas emoções se dissiparem numa nuvem carregada de felicidade!

      Ah, quem me dera ter a capacidade de me libertar de mim mesma! Sinto, porém, que isso não é possível. Por quê? São tantos questionamentos e, simultanemante, tantas sensações de satisfação. Como se eu já soubesse as respostas. Ou, ainda, como se não as quisesse mais, não mais as procurasse, talvez por medo de encontrá-las.

      Nem mesmo o medo se explica. Apenas o tenho, lá no fundo. Não sei sua causa, mas sua consequência: a prisão. E, nesta, não mais quero permanecer, é a única certeza que tenho.

      Tenho tanto para extrair de mim, e, ao mesmo tempo, nada. Assim, ouço o ruído do silêncio, o cricrilar. É, acho que preciso mesmo fazer análise...